A SOCIEDADE DOS ADVOGADOS CRIMINAIS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO (SACERJ) vem manifestar seu mais veemente repúdio às declarações do Presidente da República, Jair Bolsonaro, ao se referir às circunstâncias em que teria se dado o desaparecimento do pai do atual Batonier, advogado FELIPE SANTA CRUZ, sr. FERNANDO AUGUSTO SANTA CRUZ DE OLIVEIRA, ocorrida durante a ditadura instalada com o golpe civil-militar que usurpou o governo legítimo e legal do Presidente João Goulart.
Os jovens que naquela quadra da História do Brasil tiveram a coragem e o desprendimento para doarem seu bem mais precioso nas lutas de resistência contra as forças fascistas que se apoderaram da Nação merecem tratamento de heróis nacionais e ter a inscrição de seus nomes no Livro de Mérito instituído pelo DL nº 1706, de 27/10/1939. Jamais o deboche e o achincalhe lhes podem ser dirigidos, por quem quer que seja, muito menos por quem prega a tortura.
A atitude covarde, belicosa, desrespeitosa e, antes de tudo, inaceitável ao ser vociferada pelo Mandatário do País, desonra não apenas o morto e seu filho. Atinge a todos os advogados brasileiros que têm na pessoa de FELIPE SANTA CRUZ o legítimo Presidente do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil e, nessa qualidade, um valente combatente das lutas pela manutenção das liberdades democráticas duramente conquistadas e cristalizadas na Constituição da República de 1988.
Demais disso, JAIR BOLSONARO era integrante do Exército Brasileiro à época do desaparecimento de FERNANDO SANTA CRUZ. A afirmativa de saber as circunstâncias em que esse fato ocorreu deve ser objeto de apuração por meio de inquérito policial militar, a ser requisitado pelo Ministério Público, haja vista tratar-se de crime permanente.
Por isso, a SACERJ repudia as declarações de Jair Bolsonaro, se solidariza com o Presidente FELIPE SANTA CRUZ e sua família e espera que o Ministério Público Militar tome as urgentes providências que a situação enseja.
Rio de Janeiro, 29 de Julho de 2019
ALEXANDRE MOURA DUMANS
Presidente da SACERJ
JOÃO CARLOS CASTELLAR
Diretor Cultural