Na pós-modernidade, uma das discussões importantes é a perda de referencial. Isso faz com que os pós-modernos sejam considerados, ou se enxerguem desbussolados.
Interessante observar como o sistema judicial brasileiro sofre com a mesma espécie de crise, chamemos de existencial.
Cuida-se de crise sem precedente similar, no sentido de que poucas vezes se observou, por exemplo, tamanha perda de legitimidade do Supremo Tribunal Federal na atividade-fim: realizar o justo conforme a Constituição.
Diante de idas e vindas das decisões da Corte ao sabor do momento político, do exagero nas interpretações sem solidez jurídica (v.g., quanto ao regimento interno e à competência da Corte), da arbitrariedade na condução de persecuções penais e da desconsideração ao controle de gastos públicos (v.g., aumentos de salários, gratificações, verbas indenizatórias e adicionais), vê-se a crítica diuturna da sociedade àqueles Ministros, com reflexos à imagem e à estrutura de todo o Judiciário.
Se observarmos, com acuidade, mostra-se obvio que os advogados necessitam de mais destreza para atuar nesse ambiente polarizado por ideologias da oportunidade e carcomido pelo clientelismo – tão ao gosto da isolada capital federal.
Nosso tempo exige muita habilidade para advogar, quando as decisões judiciais se voltam a soluções pragmáticas de proveito corporativo, ou descompromissados com a própria natureza publica da prestação jurisdicional.
Alguns gostam desse ambiente conflituoso para encontrar brechas nos escaninhos das relações privadas. Mas, o que devemos imaginar para advocacia é comportamento ético que se sobreponha ao jogo de poderes e interesses econômicos subterrâneos.
A integridade e firmeza dos advogados exibem-se fundamentais para enfrentar o quadro ora descrito e para recuperar os direitos dos criminalistas, eliminados, dia a dia, pelo sistema judicial desbussolado.
Será na insistência de que o advogado é essencial à administração da justiça que conseguiremos nos reposicionar e quem sabe oferecer um contraponto à cegueira daqueles que se encontram no topo do poder judicial.
Advogar é preciso, com retidão e coragem.